Os primeiros deuses
convocaram dois seres divinos à existência, o macho Izanagi e a fêmea Izanami,
e ordenou-lhes para criarem seus primeiros lares. Para ajudá-los a fazer isso,
os deuses deram ao Izanagi e Izanami uma lança decorada com jóias, chamado
Amenonuhoko (lança do céu). As duas divindades eram a ponte entre o Céu e a
Terra (Amenoukihashi) e agitaram o mar com a lança do céu. Quando as gotas de
água cairam da ponta da lança, a ilha Onogoro-shima foi formada. Eles desceram
a ilha a partir de uma ponte do céu. Eles tiveram dois filhos, Hiruko e
Awashima, mas eram imperfeitos e não eram considerados deuses. Em seguida, eles
colocaram as duas crianças num barco que foi arrastada pela correnteza de
Onogoro-shima. Então eles perguntaram aos deuses o que eles fizeram de errado.
Após receberem a resposta Izanagi e Izanami decidiram se casar novamente e seu
casamento foi um sucesso.
Os dois recém-casados
não se ficaram por aqui. Deram nascença a todos os Kamis que se encontram agora
na Terra: Kami das árvores, das montanhas, das pedras, das plantas e das
flores, dos mares, dos lagos e dos rios.
O seu primeiro filho
foi Owatatsumi o senhor dos oceanos. Depois, Izanami deu nascença a Kamihaya
Akitsu Hiko que controla as terras e Haya Akitsu Hime que controla a superfície
do mar. Múltiplos Kamis surgiram pouco depois.
Izanami deu então
nascença ao Kami do fogo, Kagutsuchi no Kami. O parto acaba porém tragicamente:
Izanami morre queimada pela incandescência da sua progenitura.
Antes de morrer, da
sua boca surgem Kanayama biko e Kanayama hime, os deuses do metal, assim como Haniyasu hiko e Haniyasu hime,
deuses da terra.
Izanami juntou-se ao
Reino das Sombras. Assim nasceu, pela primeira vez, a morte e as suas
consequências: a decomposição e o luto.
Enraivecido, Izanagi
decapita o recém-nascido com a sua espada Totsuka no Tsurugi. Do sangue de
Kagutsuchi nascem novos kamis para cada gota derramada.
Izanagi tinha perdido
o gosto de viver. Sem a sua esposa a vida já não fazia sentido. Resolveu então
ir à sua procura. Afinal de contas, ele sempre era um deus.
Questionou todos os
homens e animais que cruzava no seu caminho se esses conheciam algum meio para
encontrar a sua falecida esposa. Uma serpente indicou-lhe o caminho, a entrada
para o Inferno (Yomi) situada na província de Izumo.
À medida que Izanagi
penetrava nas trevas do inferno a luz desaparecia. Ouviu gritos e gemidos que
teriam aterrorizado qualquer homem, mas a sua determinação era imutável.
Caminhou muito tempo na obscuridade absoluta. Enquanto o desespero se apoderava
do seu coração, Izanagi ouviu finalmente a voz da sua amada.
Não a pode ver, mas
consegue ouvir a sua voz distintamente. Izanami está feliz por ver o seu esposo
ter iniciado tão grande caminhada para se juntar a ela.
-“Vim para te levar
comigo”
Era porém tarde
demais pois Izanami já tinha comido os alimentos do Reino das Sombras o que
tornava impossível o seu regresso à superfície.
-“Vou ainda assim
suplicar os deuses deste Reino para que esses me permitam regressar contigo!”
disse. “Espera por mim aqui o tempo necessário, promete não seguir-me e que não
saíras daqui!”.
Izanagi assim
prometeu.
E assim aguardou até
que a espera se tornou insustentável. Impaciente, resolveu quebrar a promessa.
Caminhou outra vez na escuridão. Parecia-lhe ouvir a voz da sua esposa
implorar-lhe para que não continuasse mas a tentação era demasiado forte, ele
tinha que a ver nem que por um breve instante.
Aproximou-se de
Izanami enquanto essa lhe implorava para ele ir embora. Retirou um dos dentes
do seu pente para fazer uma tocha. Através da clareza, viu por um instante a
beleza intacta de Inazami decompor-se e apodrecer perante os seus olhos. A sua
carne era devorada pelos vermes (Izanami dava luz à Yokais).
Aterrorizado, Izanagi
resolveu fugir do inferno. Yokais corriam atrás dele enquanto a sua esposa
gritava “Traidor! Quebraste a tua promessa!”. Os próprios guardiões do inferno
perseguiam-no.
Uma vez fora Izanagi pegou imediatamente num rochedo para
selar a porta do inferno.
* Faltando muitas partes, contudo, história pegada da Kojiki (livro antigo do japão que falava sobre sua mitologia) *